Uma pesquisa desenvolvida com trabalhadores nos Estados Unidos realizada pela Sociedade para Gestão de Recursos Humanos (SHRM, na sigla em inglês), aponta que cerca de 80% dos entrevistados já estiveram ou estão em um relacionamento com companheiros de profissão. O levantamento também apontou que 10% dos trabalhadores admitiram ter envolvimento com subordinados, enquanto 18% estabeleceram relações com superiores, sendo que deste percentual que já se envolveram com chefes, 90% são mulheres.
Outro estudo, este publicado em 2021 pelo site Zety, especializado em conteúdos sobre carreira profissional, apontou que 89% dos profissionais disseram que se sentiram atraídos por colegas de trabalho, 78% chegaram a considerar namorar com alguém com quem trabalhavam e 58% realizaram esse desejo.
Porém, mesmo que as pesquisas demonstrem que essas relações são, de fato, corriqueiras, há quem torça o nariz para os casais formados nesses ambientes. Isso acontece porque existem diversas crenças, mitos e tabus que cercam esse tipo de relacionamento. “Existe aquele ditado bem antigo, comum para os ‘boomers’ e a geração X, que diz que ‘onde se ganha o pão, não se come a carne’, que fala justamente sobre isso de não haver essa mistura entre o pessoal e o profissional”, aponta Selhe Moreira, psicóloga clínica e terapeuta de casais.
Ela pontua ainda que esse tipo de envolvimento acaba sendo visto a partir de ópticas diferentes, que podem considerar o relacionamento entre os colegas como algo impróprio. “No Brasil não existe legalmente, em nível federal, algo que impeça essas relações, mas vemos que organizacionalmente existem empresas que podem proibir essas práticas”, ressalta.
Ela cita como exemplo áreas que lidam diretamente com informações confidenciais. Nestes casos, relacionamentos podem propiciar vazamentos. “Existem também preocupações relacionadas à própria facilitação de processos de assédio, principalmente quando há uma hierarquia envolvida. Essa é uma pauta que pode dar problema em termos de leis trabalhistas e que já vimos acontecer em grandes corporações”, acrescenta.